Motociclistas que trabalham por aplicativos realizaram, nesta quarta-feira (20), manifestações em diferentes pontos do Grande Recife para exigir mais segurança e melhores condições de trabalho. O ato, que ganhou visibilidade principalmente pelas redes sociais, reuniu dezenas de trabalhadores da categoria e contou com uma motociata que percorreu a Avenida Agamenon Magalhães, no Centro da capital pernambucana. O grupo seguiu em direção ao Shopping Tacaruna, em Santo Amaro, onde a concentração foi encerrada por volta das 10h da manhã.
Segundo os organizadores, a mobilização foi planejada em dois turnos — manhã e tarde — com a possibilidade de bloqueios em vias de grande circulação, caso as reivindicações não fossem ouvidas. Para acompanhar de perto a movimentação e evitar transtornos maiores no trânsito, a Polícia Militar de Pernambuco mobilizou um efetivo de 152 agentes, posicionados em pontos considerados estratégicos do Recife e da vizinha cidade de Olinda.
De acordo com Rodolfo Sales, um dos representantes do movimento, os profissionais enfrentam diariamente o risco de assaltos e se sentem desamparados pelo poder público. Ele reforçou que não basta apenas prender quem executa os roubos, mas também combater toda a cadeia criminosa que gira em torno do comércio ilegal de motocicletas e peças.
“Todos os pais de família que trabalham de mototáxi e moto entrega estão sendo prejudicados. A gente não vê a polícia prendendo não só os ladrões de moto, mas também os receptadores e quem compra as peças roubadas. Nosso pedido principal é por segurança, porque estamos indo trabalhar sem saber se voltamos para casa”, destacou Sales.
A violência contra motociclistas e entregadores tem se tornado uma preocupação crescente na Região Metropolitana do Recife. Muitos trabalhadores relatam que, além do risco de assaltos, ainda lidam com a pressão das plataformas digitais, que exigem produtividade em meio a condições precárias de trabalho.
Entre as reivindicações da categoria, além do reforço na segurança, estão melhorias na remuneração. Em março deste ano, entregadores também saíram às ruas pedindo um reajuste de R$ 2 na taxa de entrega e a revisão da taxa de espera, atualmente em R$ 0,10 por minuto. A proposta dos trabalhadores é que esse valor passe para R$ 0,50, o que, segundo eles, ajudaria a compensar o tempo parado em filas de restaurantes ou aguardando clientes.
Para evitar incidentes durante a manifestação desta quarta-feira, a Polícia Militar reforçou a presença em locais de grande circulação e importância estratégica, como o Palácio do Campo das Princesas, o Quartel do Derby e avenidas movimentadas, a exemplo da Agamenon Magalhães, Abdias de Carvalho e Caxangá. Também houve monitoramento em rodovias federais e estaduais que cortam a capital, como trechos da BR-101, além de pontos de fluxo intenso como a Avenida Norte, a Mascarenhas de Morais, a Antônio de Góes, o Ceasa, o Centro de Convenções de Pernambuco e a PE-15, em Olinda.
A expectativa dos organizadores é que novas manifestações ocorram caso não haja resposta efetiva às demandas. Eles reforçam que o movimento não é apenas por melhores condições de trabalho, mas também por dignidade e sobrevivência, já que muitos motociclistas relatam medo constante de sair para trabalhar e não retornar para suas famílias.
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