A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta segunda-feira (25), em Olinda, Região Metropolitana do Recife, Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 22 anos. O jovem é acusado de ameaçar de morte o youtuber e humorista Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, e de integrar uma rede criminosa investigada por crimes cibernéticos e exploração sexual de crianças e adolescentes.
A operação ocorreu em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido no último sábado (23) pela Vara Criminal de Plantão do Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo os investigadores, além das ameaças enviadas por e-mail a Felca, Cayo utilizava contas no aplicativo Telegram para anunciar serviços ilícitos, como obtenção de identidades, bloqueio de contas bancárias e até acesso a fotos de documentos pessoais.
Ameaças contra Felca
O caso ganhou repercussão após Felca divulgar, no dia 6 de agosto, um vídeo-denúncia em seu canal do YouTube sobre exploração e abuso de menores em plataformas digitais. No material, o influenciador reuniu denúncias de seguidores, mostrou como determinados criadores de conteúdo se utilizam da imagem de crianças de forma abusiva e criticou o papel dos algoritmos na propagação desse tipo de material.
Poucos dias depois, em 16 de agosto, Felca recebeu dois e-mails com ameaças diretas. Em uma das mensagens, enviadas durante a madrugada, o remetente dizia: “Você acha que vai ficar impune por denunciar o Hytalo Santos”, em referência ao influenciador exposto por Felca no vídeo. O texto prosseguia com intimidações: “Você tá enganado, você vai ferrar muito sua vida”, “prepara pra morrer” e “você vai pagar com a sua vida”.
Um segundo e-mail, enviado horas depois, reiterava as ameaças, reforçando o clima de intimidação. A Polícia Civil de São Paulo rastreou o autor e chegou a Cayo Lucas, apontado como responsável pelas mensagens.
Prisão em flagrante e investigações em Pernambuco
No momento em que foi detido, Cayo Lucas estava acompanhado de outro homem. Ambos foram levados à Delegacia de Crimes Cibernéticos, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, ele também foi preso em flagrante por invasão de dispositivo informático, já que seu computador estava aberto na tela de acesso à plataforma de Segurança Pública de Pernambuco.
Esse detalhe chamou a atenção dos investigadores, que consideram o fato um agravante na conduta do suspeito, já que sugere possível tentativa de manipular ou acessar dados restritos. O equipamento foi apreendido e passará por perícia.
A Polícia Civil de Pernambuco confirmou ainda que Cayo já era investigado no estado por outros crimes, sem detalhar quais, e que responde a pelo menos um processo por crime de trânsito.
Perfil do acusado
Segundo cadastro da Secretaria de Defesa Social (SDS), Cayo Lucas tem ensino fundamental completo e já declarou as ocupações de estudante, office-boy e mensageiro. Nas redes, utilizava nomes de usuário para se passar por “hacker” e oferecia serviços ilícitos.
Em comunidades do Telegram, no entanto, ele era acusado de enganar contratantes e chamado de “lammer” — termo pejorativo usado para descrever alguém que tenta se passar por hacker sem ter habilidades reais — e de “lotter”, gíria para pessoas que aplicam golpes amadores e repetitivos.
Rede criminosa em investigação
De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, as investigações apontam que Cayo fazia parte de uma rede que explorava sexualmente crianças e adolescentes por meio de supostos “desafios” virtuais. O grupo também seria responsável por comercializar material infantil na internet.
A Polícia Civil de São Paulo trabalha agora para identificar outros envolvidos e apurar se havia ramificações da quadrilha em Pernambuco.
Próximos passos
Após prestar depoimento, Cayo Lucas e o homem detido com ele serão submetidos a audiência de custódia e permanecerão à disposição da Justiça. O material apreendido — celulares, computadores e contas virtuais — será analisado em busca de provas que reforcem as acusações e revelem a dimensão da rede criminosa.
Enquanto isso, o caso reacende o debate sobre a vulnerabilidade de crianças e adolescentes na internet e a necessidade de ações mais rigorosas contra crimes cibernéticos.
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